Como desenhar o mar: a linha enquanto vestígio de um movimento ondulatório
Da questão “como desenhar o mar?” surge um conjunto de explorações: propostas de encontro entre a linha e a onda, modos de produzir e incorporar a fluidez no desenho.
Abordam-se vários meios de encontro com o mar, evocando diferentes temporalidades, diferentes níveis de presença.
Numa primeira parte, são apresentadas 4 breves abordagens: (1) a tentativa de correspondência da linha desenhada com a ondulação, num exercício mais fugaz que requer a presença do mar; (2) a experiência de análise do movimento ondulatório, recorrendo a uma relação em diferido com as ondas captadas; (3) a produção de desenhos a partir de pautas ou instruções elaboradas no ponto anterior; (4) o confronto entre as linhas gráficas e a ondulação própria do gesto.
Na segunda parte, aborda-se o processo de construção de um mar autónomo, assente no compromisso de desenhar um mar-diário.
Esta pequena apresentação reflecte acerca da capacidade da linha de captar e incorporar o movimento ondulatório, lembrando a sua condição de convenção, código do desenho, e simultaneamente vestígio corporal, identificativo do gesto de quem desenha, ou seja, como um reflexo das suas ondulações.
Este artigo encontra-se disponível em https://hdl.handle.net/10216/90608 – Dissertação de Mestrado: “A Paisagem enquanto experiência. Mar: Imersão e Viagem” – subcapítulos 3.3. Cadernos de viagem. A linha fluida. e 4.1. A linha na continuação do movimento ondulatório.
Bibliografia
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Joana Patrão (n. 1992, Barcelos), artista plástica, vive e trabalha no Porto. A sua investigação incide na Paisagem, pensando-a simultaneamente como sintoma do conflito natureza-cultura e processo potencial de reencontro. A sua prática oscila entre desenho, fotografia, vídeo, matrizes, provas indexicais e matérias naturais na procura um modo de investigação mutável em si mesmo. Como parte dessa investigação concluiu o Mestrado em Pintura na Faculdade de Belas Artes da Universidade do Porto, com “A Paisagem enquanto experiência. Mar: Imersão e Viagem” (2016). Enquanto bolseira Erasmus+ frequentou, em 2015, a Aalto University, Helsínquia/ Espoo, Finlândia e foi selecionada para o workshop internacional “Adaptations – Utö. Site, Stories and Sensory Methods”, promovido pelo HIAP, na ilha de Utö, Finlândia. Participou ainda nas residências artísticas: “Feinprobe Honigsüss 7” (2014), Wbmotion, Wittenberg, Alemanha; “Laboratórios de Verão” (2017), gnration, Braga; “Grão: residência artística e de investigação” (2019), Quinta das Relvas, Albergaria-a-Velha.
Das suas exposições mais recentes, destaca a participação no ciclo de exposições online 4 + 4 proposals for making sense of today’s convivial cultures com o projeto “Becoming: meditations” (2020), curadoria de Maria Eduarda Duarte, para o 4Cs – From Conflict to Conviviality through Creativity and Culture; as exposições individuais: “Céu de sal, sal da terra” (2020), com curadoria de Luísa Santos, no Lab Box – Art Curator Grid, Lisboa; “Desenho natural. A água flui na linha.” (2019), Lugar do Desenho – Fundação Júlio Resende, Gondomar; e as coletivas: “Como o sol / Como a noite” (2018), curadoria de Alexandra João Martins, oMuseu – FBAUP, org. do Porto/Post/Doc, por ocasião da retrospetiva integral da obra de Reis/Cordeiro; “Incerta Desambiguação / Catarse” (2017), curadoria de Cristina Assunção e Jorge Maciel, Galeria Zaratan, Lisboa; “Immersion” (2015), ADD.Lab, Espoo, Finlândia.
Paralelamente, dedica-se à formação e mediação artística em locais como a Universidade do Porto e a Fundação de Serralves. Em 2018, orientou a unidade de formação Pintura de Paisagem – da experiência da natureza à construção pictórica, no âmbito da oferta formativa promovida pelo Gabinete de Formação Contínua da FBAUP.
ESTE TRABALHO É FINANCIADO POR FUNDOS NACIONAIS ATRAVÉS DA FCT – FUNDAÇÃO PARA A CIÊNCIA E A TECNOLOGIA, I.P., NO ÂMBITO DO PROJETO “UIDB/04042/2020”