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Sandra Ramos

Auto-retrato como prática meditativa – olhar e ver


Sandra C Ramos, Moçambique, 1974. Portugal a partir de ’76. Realização de Filmes de Animação, La Poudrière – École du Film d’Animation, 2003. Design de Equipamento, Faculdade de Belas Artes da Universidade de Lisboa (FBAUL), 2000. Desenho, Sociedade Nacional de Belas Artes, 1995-1998. Realização de várias curtas de estudante e profissionais, duas das quais presentes em festivais nos seis continentes. Professora e formadora em animação e desenho desde 2004, em ensino universitário, profissional e de nível aberto. Fundadora e professora de Desenho e Pintura no Atelier do Cardal, 2010-2018. Representada em colecções particulares – Desenho e Pintura – Europa, América do Norte e Ásia. Doutoranda em Belas Artes, especialidade de Desenho.

Tal como para milhões de pessoas, o ano de 2020 não está a decorrer como eu havia planeado… O confinamento e o distanciamento forçado junto com suas medidas de protecção, trouxeram desafios inesperados e, após um curto período de pânico, assumi a responsabilidade de os viver como oportunidades de mudança.

Sendo professora, quis motivar os estudantes a fazer o mesmo e estruturei um projecto de auto-retratos em confinamento, no qual participaríamos estudantes e professora – não sendo obrigatório, apenas alguns estudantes responderam positivamente, mas fizeramno com entusiasmo. Da minha parte, fi-lo como uma prática meditativa, suspendendo o julgamento e deixando-me ser guiada pelo processo. O que começou como um projecto de auto-retratos (estáticos), tem vindo a evoluir para um trabalho de animação experimental.

Um caminho que me levou do domínio da tensão sentida a uma presença consciente e conectada, de constrangida a deixar-me ser guiada pelo que queria emergir, caindo mais a mais fundo num espaço-tempo de desenho meditativo. O foco foi deixando de estar no objecto do meu olhar para recair no como estava a olhar e o que estava a ver, para além do olhar. Este é um trabalho em curso, tecido com desenhos e leituras sobre filosofias não-duais, desenho e animação, que me está a possibilitar ir além da busca por resultados específicos e do simples olhar. Como escreve Lucy Lyons [1] “Drawing allows us to look and then see what we are looking at and with that activity comes understanding.” O tempo envolvido num desenho convida observador e objecto de observação para uma relação, onde há verdadeiramente troca, de acordo com a mesma autora.

Sandra C Ramos, Mozambique, 1974. Portugal from ’76. Animation Direction, La Poudrière – École du Film d’Animation, 2003. Equipment Design, Fine Arts Faculty of the Lisbon University (FAF-LU), 2000. Drawing, National Fine Arts Society, 1995-1998. Directed several student and professional shorts, two of which were selected in festivals across the six continents. Animation and Drawing teacher since 2004, at university, professional and open levels. Founder and teacher (Drawing and Painting) of Atelier do Cardal, 2010-2018. Represented in private collections – Drawing and Painting – Europe, North America and Asia.
PhD candidate – Fine Artes – specialising in Drawing, FAF-LU

Title: Self-portrait as a meditative practice – to look and to see

“I believe in the World as in a daisy Because I see it. But I don’t think about it Because thinking is not understand… The World was not made for us to think about (To think is to be eye-sick) But for us to look at and to be in tune with…” Alberto Caeiro in The Keeper of Sheep (II) (transl. by Edwin Honig and Susan M. Brown)

As for millions of people, 2020 is not happening according to my plans… The confinement and forced distancing and protection measurements brought unexpected challenges and, after a period of panic, I took it up to me to live them as opportunities for change. Being a teacher, I wanted to motivate students to do the same and came up with a confinement self-portrait project that we’d respond to together – it was not mandatory, so only some of the students responded, but did so with enthusiasm. I took it as a meditative practice, suspending judgment, letting myself be led by the process. What started as a (static) self-portrait drawing project has now evolved into an experimental animation work in progress. It is about what took me from one thing to the next and the ‘findings’ in the process that I will write about.

A path from dominating tension to overall awareness and connection, from being quite self-conscious to letting myself be guided by what wanted to emerge, going deeper and deeper into meditative drawing. No longer so much about what I was looking at, but rather how I was looking and what I was seeing. This is a work in progress, intertwined with readings on non-dual philosophies, drawing and animation, which is allowing me to go beyond the search for specific results and simple look. As Lucy Lyons [1] (p. 76) writes “Drawing allows us to look and then see what we are looking at and with that activity comes understanding.” The time involved in a drawing invites both observer and observed into a relationship, where there is true exchange, according to the same author. [1] Lyons, Lucy (2012). Dignity: Drawing Relationships with the Body in Representações do Corpo na Ciência e na Arte (Org. Cristina Azevedo Tavares). ISBN 978-972-754-290-1. Lisboa: Fim de Século.


ESTE TRABALHO É FINANCIADO POR FUNDOS NACIONAIS ATRAVÉS DA FCT – FUNDAÇÃO PARA A CIÊNCIA E A TECNOLOGIA, I.P., NO ÂMBITO DO PROJETO “UIDB/04042/2020”