Categorias
Sem categoria

João Jacinto

ATELIER


“São como se fossem talismãs ou qualquer coisa assim, mas é uma espécie de sapato (temos tinta agarrada e tudo), ou de sandálias que desapareceram do bordo do vulcão.
Este limitei-me a recolhê-lo, porque era do chão de um outro ateliê que tive antes deste. Isto eram detritos de tinta e a trincha ficou embebida nos próprios detritos e eu arranquei aquilo, porque o chão também estava forrado de plástico, arranquei este pedaço e transportei-o para aqui, colei-o com óleo, aliás vê-se aqui a mancha da gordura no papel. E o resto, pronto está por aí.

Uma série de desenhos, é sempre a mesma imagem, porque é feito a partir de uma pintura do Goya. Uns desenhos grandes. É uma pequena pintura do Goya feita durante as invasões francesas que são uma série de figuras que estão a fazer pólvora no meio da paisagem. E eu fiz uma série de (depois olha eu trabalho assim como estou agora, passo os dias assim, desenho assim e depois ponho na parede, quando está mais mais desenvolvido, para ver, para ganhar alguma distância e para ver se resulta ou não.

Eu vou fazendo, às vezes sem nada em mente, às vezes até de uma forma muito perdida, quase de forma equivocada, mas sempre na esperança de que haja um desvio qualquer, um instante qualquer que faça a diferença. Quando isso ocorre, o trabalho depois ganha um certo sentido. E pronto é assim que eu trabalho normalmente, é um bocado o que acontece. Eu chego aqui e começo com o mesmo desenho, aliás, destes são uns doze ou treze e estão aí uns restantes no chão. Eu vou fazendo e fi-los sinceramente. Todos os dias venho e acrescento um risco em relação a qualquer coisa, porque há sempre inevitavelmente qualquer coisa que não aguenta os dias, não é.
Como se tivesse havido num tempo uma dívida que também a mim me tivesse atingido, mas a dívida na verdade não ocorreu, existe só essa falta, e isso faz com que tenha que, todos os dias, enfrentar essa falta ou essa dívida contraída. Isso faz também com que eu, muitas vezes, prolongue os trabalhos, para que não haja um dia vazio, um dia sem pagamento.
Estes trabalhos têm mais cor, mas depois também têm muitas sujidades, muitos detritos, muitos acidentes. Portanto, também lhes traz um escuro.

Eu não sou capaz de pensar a cor sem matéria, porque a cor para mim tem corpo. Daí a espessura das tintas, tem a ver com isso, por exemplo, aquelas são pinturas que estão acabadas ou esta aqui. Quer dizer, têm uma densidade de matéria, quando nós chegamos perto, vemos que tem camadas e camadas. E são pinturas umas com as outras, feitas e desfeitas de voltar a fazer. Esta é outra pintura que anda aqui à deriva há que tempos, já deu muitas voltas, já assumiu, também já tem umas camadas muito grandes e ainda não sei como é que irá terminar.
Há uma coisa que eu sinto em mim, talvez isso tenha alguma coisa a ver com desenho ainda, é que os materiais utilizados e principalmente os suportes utilizados (por exemplo uma diferença clássica entre desenho e pintura, se é papel, tela ou madeira, se bem que muitas vezes haja, há desenho sobre tela ou sobre madeira e há pintura sobre papel não é), portanto, também não serve como ponto de diferença, mas para mim, eu tenho com o papel uma atitude diferente da que tenho com a tela. Há ali uma coisa qualquer que logo na origem faz diferença.

E talvez isso seja qualquer coisa que, mesmo não sabendo se faz a diferença entre desenho e pintura, mas é qualquer coisa que faz a diferença em mim. No meu caso, no caso dos meus trabalhos, é qualquer coisa que faz diferença entre os trabalhos sobre papel e dos outros.

Se eu vir dois objetos, duas coisas, posso achar que uma é desenho e outra é pintura naqueles casos. Mas as razões que eu posso encontrar, ou o argumento que posso conseguir desenvolver, para justificar naquela situação precisa, pode ser completamente destituído de qualquer sentido ou consequência numa situação que seja outra que não aquela. Portanto, assim em termos de coisa genérica que sirva para, de um modo relativamente seguro, criar uma distinção clara entre o que é linguagem do desenho e o que é linguagem da pintura, eu não tenho essa coisa genérica.

Havia aquela pergunta que alguns teólogos da Idade Média faziam e que era “onde estamos quando estamos no mundo?”, e, de facto, é uma pergunta muito inquietante e plena de sentido, ou então depois a Hannah Arendt faz uma adaptação desta pergunta e questiona “onde é que estamos quando estamos a pensar?”. Eu não sei se quando estamos a fazer isso se estamos cá.
Aquilo que eu disse há bocado, que às vezes repetia ou fazia, que usava uma imagem durante o tempo que ela durasse para logo no trabalho ter esse sentido da finitude dele próprio e que ele não iria durar sempre. Eu acho que isso já é uma forma de, progressivamente, me ir habituando a essa ideia de haver um dia em que já não acontece nada. Mas eu preferia que ele não acontecesse, que ele não ocorresse.


João Jacinto (Mafra, 1966) vive e trabalha em Lisboa.
Em 1985 iniciou os seus estudos artísticos na E.S.B.A.L.
Desde 1999, docente na Faculdade de Belas Artes da Universidade de Lisboa.

http://www.joaojacinto.eu/

Categorias
Sem categoria

Sebastião Castelo Lopes

Se calhar


Se calhar o mais importante é a pergunta.
Nuvens ameaçadoras / e ainda estou / a meio caminho de Quioto (Matsuo Bashô, O eremita viajante, p.131)

As respostas são inequívocas, são claras, são tinta branca sobre carvão. Mas as perguntas são bem mais complexas. São dois minutos e cinquenta segundos de pergunta, quatrocentos e trinta e seis virgula três mega bites. São as questões que interessam, que podem ser quaisquer umas. Neste caso foram estas. São questões sem resposta às quais não pretendemos responder. Melhor, são questões que não sabemos sem têm resposta, o que é diferente. os pássaros deixaram-me sem corpo e a metafísica questionava o destino da minha identidade. para onde iria, o que seria de mim depois que o meu corpo me deixasse sozinho, o que seria de
mim depois da morte. (Valter Hugo Mãe, a maquina de fazer espanhóis , p.207)

Esta peça re-sublinha as perguntas já tantas vezes escritas. Não faz mais nada senão sublinhar. Não estamos cá para criar, mas para repetir. Uma nuvem quem vem até nós, é neblina. Não contribui para a compreensão, mas é, e por consequência, é parte do que há a ser compreendido. O que escrevemos já foi escrito. Exercitar a pergunta, porque onde estão as respostas às perguntas não colocadas? Esta música / é linda / mas não anula / o sofrimento / não traz de volta / à vida / aqueles que amei / e que já morreram (Adília Lopes, Dias e Dias, p.11)

Passar o dia só a perguntar. Passar o dia a perguntar. E isto são parágrafos sobre perguntas. Que não iluminam as respostas mas que perguntam sobre as perguntas. Porque responder seria destruir a peça, e o texto da peça não a destrói, não é? A invenção do navio foi também a invenção do naufrágio (Paul Virilio) Na cruz da minha grade desenrola-se outra espécie de paixão: nela coexistem e caminham inquietações, dúvidas, fragmentos de crenças, pequenas satisfações, ilusões de conquistas, projetos irrealizados ou desviados, surpresas, charadas enfim, tudo o que, na melhor das hipóteses, nos aproximará dessa carne enigmática de que são feitos uma pedra, uma palha, a brisa, quando entram em relação com a curiosidade e a disponibilidade de alguém que contempla (Júlio Pomar, Da cegueira dos pintores, p.16)

Mas e se a resposta é importante? Se quem diz que não interessa se é desenho ou pintura estiver enganado? Tantas estrelas !… Para quê? / Para complicar de beleza / este mistério tão fácil, / mas que os
homens não descobrem / nem nunca descobrirão, / porque somos secundários / na criação. (José Gomes Ferreira, Poesia III, p.45) desenhando sobrancelhas / no cão branco – / um dia longo (Kobayashi Issa, Os Animais) Para quê perguntar?


Se Calhar por Sebastião Castelo Lopes
Voz por Maria Reis Texto de ProfJam em Se Calhar do album FFFFFF —————

Sebastião Castelo Lopes (b.1994)

2016 – MA Drawing, Wimbledon College of Arts, University of the Arts London, UK
2015 – Licenciatura em Desenho, Faculdade de Belas-Artes, Universidade de Lisboa
Presente nas coleções: Fundação Millennium BCP, Budapesti Torténeti
Múzeum – Budapest History Museum, Colecção Municipal de Loures.

Bibliografia
Bashô, M (2019) O eremita viajante, Assírio & Alvim, Porto Gomes Ferreira, J (n.a.)

Poesia III, Círculo de Leitores, Barcelona Hugo Mãe, V (2019) A máquina de fazer espanhóis, Porto Editora,

Porto Issa, K (2019) Os animais, Assírio & Alvim, Porto Lopes, A (2020) Dias e Dias, Assírio & Alvim, Porto

Pomar, J (2014) Da Cegueira dos Pintores Parte escrita II, Documenta, Lisboa

Categorias
Sem categoria

Cecília Corujo

“Story Of An Artist Growing Old”

O vídeo “Story Of An Artist Growing Old”, exprimindo simultaneamente as preocupações do meu projeto de investigação e o contexto atual de reclusão, procura protagonizar um elogio à viagem dita sedentária (Castro, 2013), um elogio às infinitas viagens interiores que estão à nossa disposição. Na ponta dos dedos, procurando ou fugindo, as deambulações íntimas e imaginárias possibilitadas pela fruição, inserção e (re)criação de produtos artísticos.

As ficções, nossas e de outros, abertas a cada virar de página. Ao alcance de qualquer um, a expedição por novos futuros, passados e presentes, que talvez já fossem conhecidos ou totalmente ignorados. De qualquer forma, um mágico sair de si, virtual, extracorpóreo, afastado das restrições quotidianas, físicas, sociais e capitais das experiências reais, que nos preenche, adiciona e altera, por vezes, de forma verdadeira.
Observando os nossos quartos/casas é possível dizer que uma parte dos objetos que decidimos não deitar fora e guardar, que escolhemos para nos rodear, como livros, dvds, desenhos ou fotografias são símbolos ou tokens de um espaço de intervalo, agentes de mediação, que como nos diz Ana Margarida Alves, sobre a heterotopia na obra de arte, se situam: “entre dois mundos: entre a nossa realidade e o que está para lá dela, entre o quotidiano e o artístico, entre o real e o utópico (…) justapondo diferentes dimensões” (2013, p.264).

O vídeo é também um registo digital do aspeto material e palpável da cultura, qualidade (ou defeito) que é cada vez mais escassa com a crescente digitalização dos produtos artísticos e do seu consumo. Uma desmaterialização, quase totalitária, da autoexpressão e do eu expandido que, hoje, vivem, maioritariamente, através da partilha e publicação virtual, na criação de páginas/blogs de interesses nas várias redes sociais.

Um processo de transferência, de efeitos ainda inconclusivos, que é documentada, por exempo, por Russel W. Belk no seu ensaio “Extended Self in a Digital Worl” (2013) que argumenta que esta mudança de paradigma produz as melhores probabilidades, mas também as piores consequências.
O ensaio fílmico “Story Of An Artist Growing Old”, dá importância àquilo que escolhemos para nos revestir, ao claro impulso humano de personalizar o seu ambiente, uma necessidade de significação do que, de outro modo, seria vazio. Um impulso que é expresso tanto por uma estante sobrelotada de referências, de autores e obras que se misturam, tocam e acompanham, numa organização livre e ocasional, assim como pelo próprio desejo, mais primário, de Desenhar.


Das duas formas, exercemos controlo sobre um dado espaço, um espaço que passa a ser só nosso, um espaço em qual trabalhamos e que serve para nos trabalhar. Lutamos contra a desolação do vazio e exercemos a liberdade de imprimir uma narrativa pessoal, individual, de conjugação entre íntimo e o publico. Por isso, o clip realizado não mostra apenas um lugar, mas o que este pode fomentar e apresentada uma seleção de obras que, na sua abrangência, expressa o meu trabalho de desenho dos últimos cinco anos. Tentando imitar o olhar que se afasta e aproxima, focando momentaneamente pontos de interesse, a lente periclitante discorre sobre um conjunto de retratos que, num jogo gráfico e semântico com a palavra escrita, constroem um universo emocional. Um universo de diversos estados: dúvida, fragilidade, negação, introspeção, autoconfiança, segurança, autodefinição, etc,
vividos por jovens personagens, que espelham a ambivalência emocional característica do fim da juventude e da chegada à idade adulta.

Tentando projetar esta ambivalência e complexificando a leitura do vídeo, as imagens são acompanhadas pela música “Story of an Artist”, composta por Daniel Johnston e executada por mim. Manifestando a existências de duas vozes, a canção entrelaça as duas consciências antagónicas que, alternando entre si, fazem parte da narrativa do jovem artista. Se, por um lado, as imagens se afirmam como um enaltecer dos poderes e conhecimentos dados pela fruição e produção artística, por outro, o seu acompanhamento musical desfere um golpe, quase irónico, quase devastador, a este elogio – permeando de dúvida todo o ensaio, com a constatação avassaladora, latente em quem à arte se dedica: “Some will try for fame and glory, other aren’t so bold…”


Referências Bibliográficas
Belk, Russel W. (2013) – Extended Self in a Digital World Author(s). In Journal of Consumer Research, Vol. 40, No. 3 (October), pp. 477-500. Chicago: The University of Chicago Press. Link: http://www.jstor.org/stable/10.1086/671052 (acedido a 19/01/2021).
Alves, Ana Margarida Duarte Brito (2013) – Estratégias de Deslocação. Espaço e Utopia na Arte Contemporânea. In Arte & Utopia, 263-270. Lisboa, Portugal: CHAIA – Centro de História de Arte e Investigação Artística.
Castro, Maria João (2013) – Elogio da Sedentarização na Viagem Contemporânea. In Arte & Utopia, 211-220. Lisboa, Portugal: CHAIA – Centro de História de Arte e Investigação Artística.

Cecília Corujo (Aveiro, 1990) vive e trabalha em Lisboa. É doutoranda em Belas-Artes, na FBAUL e bolseira de investigação da Fundação de Ciência e Tecnologia (FCT). É Mestre em Pintura pela Faculdade de Belas-Artes da Universidade de Lisboa (2015), instituição onde concluiu a licenciatura em 2012.

Outras referências
Rebecca Solnit, Recollections of Non-existance, 2020
Sue Tate, Pauline Boty: pop artist an woman, 2013

Website/Portfólio e Contactos:
www.ceciliacorujo.com / ceciliacorujo4@gmail.com / 915125022

Categorias
Sem categoria

Lígia Fernandes

Retratos de família 

Desde Março de 2020, com o despoletar da pandemia de COVID-19 em Portugal, foram encerrados a maioria dos espaços comunitários, entre eles o do centro de dia da Nossa Senhora dos Anjos, em Lisboa. Para muitos dos seus utentes as atividades do centro de dia eram os únicos momentos de interação social do seu quotidiano. O confinamento revelou-se especialmente difícil para a geração mais velha, que se viu remetida para situações de solidão extrema. Foi neste contexto que iniciei a minha residência artística com o LARGO residências. Em colaboração com o centro de dia, o LARGO lançou o desafio a diferentes artistas para combater o isolamento dos utentes através de práticas artísticas.

O projecto “retratos de família” fez parte dessa iniciativa. Foi o primeiro projecto que realizei depois do impacto da pandemia, e ficou documentado no documentário “O Centro em Sete Andamentos”, uma produção MOVEA e LARGO Residências. Foram várias semanas de recolha das imagens e histórias de vida das diferentes utentes do centro. A recolha consistia em visitas às suas casas e a uma conversa que decorria ao ritmo da viragem das páginas dos seus álbuns de família. Estórias de vida com muitas pausas e recomeços. As imagens e sons recolhidos servem como material para o desenvolvimento de desenhos  para uma exposição a preparar em 2021.

Ao longo das conversas fiquei especialmente impressionada com os temas femininos e pedi para entrevistar apenas mulheres. Ouvi histórias sobre trauma, abandono o resiliência, sobre a condição feminina durante a ditadura, a vida em Angola e Moçambique e o retorno a Portugal, os conceitos de liberdade e repressão, o amor, a perda e o medo, a (in)fidelidade, a sociedade com a suas classes e os seus papéis, os pais, os avós e os filhos, a herança e o legado. A promessa do desenho servia como chave para abrir a porta para todas estas histórias. Uma senhora cantou no vão da escada do seu prédio, outra mostrou pautas de música escrita para si, sem saber a quem as deixar como herança, outra segurou numa foto de um rapaz com quem nunca chegou a casar e disse: “esta foto não a fotografa, fica só para mim”, outra falou de viagens por África remetida ao seu pequeno sótão, outra vestiu-se a rigor para o nosso encontro e falou da infância passada no teatro Tivoli. Em três meses aprendi sobre história de uma forma como nunca o tinha feito: afetivamente, na primeira pessoa.  Quando iniciei os desenhos no meu estúdio, realizei-os com todas as histórias na memória. Uma pergunta que me acompanhou também foi:  que impacto tem o projecto artístico na vida destas mulheres entrevistadas ou no público que venha a conhecer este trabalho? Que questões e diálogos serão colocados? Que sentido, reconhecimento ou legado poderei ter acrescentado à vida das mulheres entrevistadas?

A pergunta que me tem acompanhado ao longo do meu percurso e em particular durante o último ano tem sido: de que forma o desenho nos ajuda a relacionar com o mundo e de que forma o mundo se relaciona com o desenho? No meu processo o desenho tem tido uma vertente etnográfica, que me permite recolher conhecimento, explorar, relacionar. Por outro tem um impacto, uma carga social que traz o diálogo, a participação e a coletividade ao seu desenvolvimento. Estas duas componentes: a etnográfica e a socialmente implicada são como dois lados da mesma moeda, dois acontecimentos que se impactuam mutuamente. Finalmente há um terceiro acontecimento, que é a experiência pessoal, a forma como me transformo e aprendo individualmente, que influenciará o projecto artístico que realizo.

É importante assim entender o desenho para além do objecto. Qual é o papel do desenho na sociedade? De que forma o desenho é um elemento relacional, agregador, transformador, educador e afectivo? Qual é o sentido que retiramos do desenho e que sentido este nos dá?

A história da arte e a arte contemporânea têm levantado muitas destas questões, com vários autores (Walter Benjamnin, Hal Foster, Claire Bishop, Pablo Helguera, Tânia Bruguera, entre outros) a debater as ideia de um sentido de base de “arte por um propósito”, uma proposta mais próxima entre as práticas artísticas e a participação social, outros campos de conhecimento, a investigação e a educação: uma abordagem transversal e multidisciplinar. Cabe-nos continuar a explorar o potencial e as possibilidades do desenho nestes diálogos.

Bibliografia

“O Centro em Sete Andamentos”

https://www.facebook.com/watch/?v=3394197793949213

BENJAMIN, Walter The Author as Producer [em linha] eds. Harvard: Harvard College, 1999 [Consultado a 19 de Janeiro de 2019] . Disponível na internet  https://monoskop.org/images/9/93/Benjamin_Walter_1934_1999_The_Author_as_Producer.pdf>

BISHOP, Claire “The social turn. Collaboration and its discontents”. Artforum, 2006

FOSTER, HAL – The return of the real: The artist as an Ethnographer. (eds.) Massachusets: The MIT Press, 1997. ISBN 0-262-56107-7

HELGUERA, Pablo, “Education for Socially Engaged Art: A Materials and Techniques Handbook”. New York, Jorge Pinto Books, 2011. ISBN: 9781934978597 1934978590 

Lígia Fernandes trabalha com artes visuais, territórios e comunidades. Através de práticas de pesquisa artística e etnográfica realiza projetos de pintura e desenho em torno da identidade e memória, assim como iniciativas participativas onde as artes visuais são ferramentas para a relação social, a exploração de temas da sociedade e empatia. Há, em todo o seu trabalho, a consciência do seu ponto de vista português. 

Página pessoal @ligiampfernandes

ESTE TRABALHO É FINANCIADO POR FUNDOS NACIONAIS ATRAVÉS DA FCT – FUNDAÇÃO PARA A CIÊNCIA E A TECNOLOGIA, I.P., NO ÂMBITO DO PROJETO “UIDB/04042/2020”

Categorias
Sem categoria

Richard Briggs

Richard Briggs tape drawings


Richard has been using tape to explore and express spatial qualities in cities in the past 3 years. Initial the use of tape was a response in how he could legally place artworks in public spaces without damaging any property. Unlike tagging, or other forms of graffiti, the use of painter’s tape allows the artworks to be placed quickly, and if required easily removed. 

The first drawing was done as an experiment in 2017 in a laneway in Sydney, with the key question being how long it would last on the wall before it’s taken down, or added to, or tagged over. It lasted over 466 days, before weathering got the better of the tape and it disintegrated. The drawing was very abstract, and wasn’t of anything in particular, but here was the opportunity, to take lines from the sketchpad to the walls, floors of the streets and the objects that occupy them. The only way to do this was to continue the work that Richard encourages throughout all his artwork practice, which is to simplify what he sees. The tape thickness is similar to using a large wide paint brush, which works well with this aspiration, and meant that the scale of the work could be expanded and could become quite large. The city became Richard’s sketch book. 

In the following 3 years, tape drawings have been completed by Richard in numerous places around the world, from Porto, to Manchester, to Phomn Penh to Amsterdam. The temporal nature of this application means that once that the tape drawing is completed, it becomes the property of the city. As soon as the artist has documented it and walked away, it’s in the public’s hands. It always been an aspiration for these tape drawings to start a conversation with passers by or other street artists, and for layer upon layer to be added so that they almost become invisible, much in the way that street art operates today, with paste ups, and tagging being overlying each other. 

Aside from the opportunity to make the drawings very simple, and to work out a way to do this without losing what they are supposed to represent, they respond and work with the urban context. They can be placed on doors, wall or street objects, always working alongside components that exist such as door handles, drainpipes, edges of walls, junctions of walls and floors and paving joins. The simpler they are the more abstract they become, making the viewer stop and look hard to see what they represent, or just to take them as abstract pieces of art in unusual places. 

In terms of process, they are usually very quick and spontaneous, much in the same way a tagger would work. Sometimes a small thumb sketch is done, to work out what the key message is, but in most cases it’s an instinctive process but knowing when to stop, like with all of Richard’s drawing work is critical. This can be the difference between too much detail being added meaning that the keys lines and shapes are lost and is just becomes a mass of blue tape. 

Using this method also embraces the art for all approach. No real skill is required to apply the tape to the surface, only imagination and a desire to communicate an idea about public spaces, people and places. It can be a great way to bring people together and Richard has run workshops where using tape has allowed groups to gather and start to think more about their surroundings. In that tape art is an art for all.

Richard Briggs is a practising artist and British registered architect based in Sydney Australia, and through his drawings he aims to provoke and inform discussion on the built environment. His simple line drawings explore the hidden gems in our cities encouraging the viewer, visitor, and the inhabitant to look at the streets in a different way. From the finer details to large expansive lines of a city skyline, his drawings evolve into patterns that form spaces and urban quirks which aim to convey a sense of character. Importantly, they also aim to tell numerous stories about a particular place, it’s people and are community and are site specific.

Briggs has been exploring and drawing streets for the past 18 years and was a workshop instructor at the Urban Sketchers Symposium held in Manchester in 2016, and Amsterdam in 2019. He has taught drawing on location in private practise, public forums and co-runs a course at University of New South Wales in Sydney, which helps built environment students explore cities using urban sketching as a tool. 

He also works on large scale artworks, ranging from wall drawings in public spaces, to using tape to explore and express spatial qualities in the city streets. These simple line based drawings are totally scalable and can work on a laneway door or a 6m high wall on the side of a building. Briggs also uses a community led process to inform various artwork concepts. This ensures artworks have deep and meaningful interpretations about place, people, culture, history and the future. This people centred approach also allows artworks subjects to develop through conversations, which over time can lead to a greater understanding of how to connect an artwork to place and the future needs of a community.


Book references:
Line and Surface by eltono
Urban Maps: instruments of narrative and interpretation in the city by Richard Brook and Nick Dunn (especially chapter 5)
The journal of public space editor Luisa Bravo 2018 volume 2 number 2
Tactical Urbanism by Mike Lydon and Antony Garcia

ESTE TRABALHO É FINANCIADO POR FUNDOS NACIONAIS ATRAVÉS DA FCT – FUNDAÇÃO PARA A CIÊNCIA E A TECNOLOGIA, I.P., NO ÂMBITO DO PROJETO “UIDB/04042/2020”

Categorias
Sem categoria

Paulo Brighenti

Impulso e Controlo, Maceira, Dezembro de 2020


Impulso e controlo, é um ensaio visual filmado à noite durante uma caminhada nos montes que envolvem a aldeia de Maceira, no cruzamento dos quatros caminhos. A “filmagem” teve a colaboração do designer Francisco Bonifácio e do artista David Correia Gonçalves.

Impulso e controlo pode ser uma proposta para um exercício, ao mesmo tempo uma ideia sobre o desenho, sobre o gesto e o tempo, no movimento de ir e de voltar. É ainda sobre o aparecimento das figuras, na espessura e intensidades da imagem pintada, a luz e pintura, um assunto que tem sido recorrente no trabalho, como um problema irresolúvel, uma negociação sem termos definidos, entre nós e o que vem, entre o impulso e o controlo.

Impulso e Controlo é uma afirmação usada por Barnett Newman numa entrevista conduzida por Dorothy Gees Seckler publicada em Art in America, Vol.50, nº2, 1962

http://theoria.art-zoo.com/interview-with-dorothy-gees-seckler-barnett-newman/Impulso y Control, é o título de um texto do capítulo da autoria de Jordi Isern i Torres, com o título Entre la Ideia y la acción: el paradigma de Newman, publicado no volume “Estrategias del Dibujo en el Arte Contemporáneo”, da coleção de livros dedicada ao Desenho coordenada por Juan José Gómez Molina, Ediciones Cátedra, 1999.

Paulo Brighenti nasce em Lisboa, 1968. Vive e trabalha em Lisboa e em Maceira.

Expõe desde a década de 1990, em 2002 ganhou o Prémio Revelação de Desenho da Fundação Arpad Szenes – Vieira da Silva, Lisboa.

Estudos de arte na Ar.Co, escola onde lecionou de 2001 a 2014, coordenou o Departamento de Desenho de 2008 a 2013.
Co-fundador da escola MArt em 2013, onde lecionou e foi coordenador pedagógico até Dezembro 2019.

Setembro de 2020 fundador da Rama – Residências Artísticas de Maceira e Alfeiria.

Exposições individuais, seleção:

2020: Submundo, Galeria Belo Galsterer, Lisboa.

2019: Cascata, Galeria Belo Galsterer, Lisboa; Uma estátua roída pelo mar, Galeria Pedro Oliveira, Porto; Todos os deuses, Museu Nogueira da Silva, Braga.

2018: O velho Sol, Casa da Cerca, Almada; Noite de Pedra, Galeria Baginski, Lisboa.

2017: Père, Centro Cultural Português, Luxemburgo; Pai, Travessa da Ermida, Lisboa. 

2016: Let the dirt fall, let heads roll, Galeria Pedro Oliveira, Porto; Família, Galeria Baginski, Lisboa. 

2015: Skiin, Nässjö Konsthall, Nässjö, Suécia.

2014: Pó, Fundação Carmona e Costa, Lisboa; Pó, Rooster Gallery, Nova Iorque, EUA.

Exposições coletivas, seleção:

2020: Lado B, MAAT, Belém; Projeto MAP, Museu Coleção Berardo, Belém;

Festa.Furia.Femina, obras da coleção Fundação Luso Americana para o Desenvolvimento, MAAT, Belém; Seize the day, people, Galeria Pedro Oliveira; Coimbra – A cidade e as Sombras, 40 anos de Encontros de Fotografia, Coimbra; Spectrum, obras da coleção do CAV/Encontros de Fotografia, Coimbra.

2019: Germinal, Obras na Coleção EDP, Galerias Municipais do Porto.

2018: Obras na Coleção da CML, Cordoaria Nacional, Lisboa; 

2017: O que eu sou, MAAT, Lisboa.

2015: Animalia e Natureza na Coleção do CAM, Fundação Calouste Gulbenkian / Colecção Moderna.


Coleções, seleção:

Museu de Serralves, Porto; MAAT, Lisboa; Coleção Moderna / Fundação Calouste Gulbenkian, Lisboa; Biblioteca de Arte da Fundação Calouste Gulbenkian, Lisboa; Banco de España, Madrid, ES; CGAC, Santiago de Compostela, ES; Coleção António Cachola, Elvas; Fundação Carmona e Costa, Lisboa; Coleção PLMJ, Lisboa; Fundação Ilídio Pinho, Porto, Fundação Arpad Szenes – Vieira da Silva, Lisboa. Fundação Luso Americana para o Desenvolvimento.

ESTE TRABALHO É FINANCIADO POR FUNDOS NACIONAIS ATRAVÉS DA FCT – FUNDAÇÃO PARA A CIÊNCIA E A TECNOLOGIA, I.P., NO ÂMBITO DO PROJETO “UIDB/04042/2020”

Categorias
Sem categoria

Mariana D. Santos

Desenho em grande formato


Nestes 5 minutos de desenho falo dos grandes formatos e como os exploro a partir das técnicas de desenho, gravura e pintura mural.

A minha abordagem à gravura em grande escala centra-se nos meios de impressão alternativos (no meu caso impressão através de um rolo compressor) e nos espaços negativos do desenho de linha, crio estas gravuras em linóleo escavando todos os espaços entre as linhas e formas desenhadas diretamente com um marcador de tinta permanente.

Em termos técnicos falo também de como utilizo a técnica da grelha, uma técnica utilizada tradicionalmente para aumentar a escala de qualquer imagem (utilizando equivalências matemáticas, sabendo que um quadrado de 2 cm numa folha A4, equivale por exemplo a um quadrado de 18 cm numa parede, numa folha de papel ou numa chapa de linóleo), utilizo esta técnica somente para a fase de esboço para saber as relações de escala entre os elementos principais da composição num novo formato. Uma vez que estas bases estão definidas não olho mais para a grelha, na fase do desenho definitivo, quero que a linha possa fluir sem estar preocupada com o que se passa dentro de cada quadrado. 

Nem todas as imagens pedem uma grande escala, a seleção de referentes é feita de forma intuitiva, mas pessoalmente acho que num formato próximo ou maior do que a escala humana faz sentido pensar no espaço do desenho como algo que pudéssemos habitar, algo em que teoricamente podemos entrar.

A relação com a tridimensionalidade é para mim muito mais importante à medida que a escala do desenho vai aumentando. 

O grande formato não é apenas uma questão de escala, ou seja, uma imagem criada em pequeno formato e ampliada para uma grande escala não é a mesma coisa que uma imagem criada em grande escala logo de raiz.
O comportamento e tratamento do desenho muda completamente quando a escala é diferente, para mim dá-me uma liberdade e variedade de traço muito maior que uma escala mais pequena.

Mariana Duarte Santos nasceu em 1995 em Lisboa, fez o secundário na Escola Secundária Artística António Arroio com especialização em produção artística cerâmica. Mais tarde completou o Curso de Desenho, o Curso Avançado em Artes Plásticas e o Projecto Individual no Ar.Co.

A Mariana tem participado em várias exposições em Portugal entre as quais constam várias exposições no Ar.Co e na António Arroio, participação na Bienal de Cerveira em 2018, uma exposição individual na Casa da Cultura dos Olivais em 2018, Bienal de Arte de Espinho em 2019, Exposição do 12º Prémio Amadeo de Souza-Cardoso em 2020, entre outras. Tem também participado em exposições no estrangeiro entre as quais uma exposição coletiva com o título de “Destination C.Q. Window” em Belfast, U.K., uma exposição coletiva com o título de “Galway 1916 Exhibition” na Connacht Tribune Print Works em Galway, Irlanda, uma exposição com o título de “Chronicles of a Future Foretold” na galeria 33 Contemporary – Chicago, U.S.A, várias exposições colectivas e bienais em Espanha e uma exposição individual na Custom House Studios Gallery em Westport, Mayo, Irlanda.

Em 2019 realizou também o seu primeiro mural inserido do projeto “Arte Pública” da Fundação EDP, desde então participou também no festival “Home Mural Fest” e “Conversas na Rua”. O seu trabalho é de natureza figurativa, centrado maioritariamente na pintura e na gravura e bastante influenciado por outras áreas artísticas como o cinema e a literatura.

https://www.instagram.com/mariana95santos/

http://marianaduartesantos.com

ESTE TRABALHO É FINANCIADO POR FUNDOS NACIONAIS ATRAVÉS DA FCT – FUNDAÇÃO PARA A CIÊNCIA E A TECNOLOGIA, I.P., NO ÂMBITO DO PROJETO “UIDB/04042/2020”

Categorias
Sem categoria

Sam Winston

A delicate sight


I have been drawing for the last 20 years as a way to explore how language fails us. Initially working within artist books and letterform, drawing became central to my practice as I moved between both literate and haptic languages. Mark making, asemic writing and studio actions became primary ways in which I work.

Sometimes living in complete blackout – the body, breath and touch inform most drawings. The subject matter focuses on retinal after images or portraying functions that are often buried in the unconscious. For ‘drawing breath’, a durational work where a pencil line records the length of every exhalation, I spent a 15 hour day marking the shoreline between the bodies automatic function and regulated voluntarily control.

With ‘a delicate sight’, I spent a month living and drawing in blackout. Over 672 hours I created 3 large scale unseen drawings. Following which I invited a group of the UKs leading writers (including Raymond Antrobus, Bernardine Evaristo and Max Porter) to do darkness residences, in which they spent a period of time in complete blackout. These physical residences generated drawings and texts that explored both the physical reality of darkness and also its wider cultural associations.

Sam Winston’s practice is concerned with language not only as a carrier of messages but also as a visual form in and of itself. Initially known for his typography and artist’s books, he employs a variety of different approaches including drawing, performance and poetry.

Operating at the intersections of where visual culture and literature meet, he has exhibited his work in museums and galleries around the world. Tate Britain, the British Library, the Library of Congress in Washington, D.C and MoMA NYC, among others, hold his artist’s books in their permanent collections. Projects involving drawings, and installations have taken place at institutes such as The Victoria and Albert Museum, The Courtauld Institute of Art, and The Whitechapel Gallery.

His first mass-market book in collaboration with Oliver Jeffers won the Bologna Ragazzi Award for fiction, debuted at no.5 on the New York Times Bestseller List and has been translated into 22 languages. All Winston’s projects look to introduce audiences to new ways of thinking about and engaging with language.


Literatura recomendada
Jamme, F. A., Padoux, A., Berkson, B., Rinder, L., & Tweed, M. (2011). Tantra Song. Distributed Art Pub Incorporated.
Mirtha Dermisache: Selected Writings. (2018). Siglio/Ugly Duckling Presse.
The history of writing BBC: https://www.bbc.co.uk/programmes/m000mtml
Morton, T. (2018). Being Ecological. The MIT Press.

ESTE TRABALHO É FINANCIADO POR FUNDOS NACIONAIS ATRAVÉS DA FCT – FUNDAÇÃO PARA A CIÊNCIA E A TECNOLOGIA, I.P., NO ÂMBITO DO PROJETO “UIDB/04042/2020”

Categorias
Sem categoria

Mantraste

Equilíbrio

Se nós dermos aquilo que nós queremos para nós ou que nós achamos o melhor, o melhor dos melhores, aquilo que nós gostamos mais de fazer, por vezes também falhámos. Falhámos, porque estamos demasiado distantes da realidade, então temos de entender as pessoas, temos de entender bem o que nos rodeia para conseguir “acertar na muche”. Ou seja, não vamos dar o que eles querem ver, vamos dar um bocadinho mais à frente. (…) E é uma situação onde ganham os dois. É um equilíbrio. Isso para mim é das coisas mais bonitas da ilustração.

Bruno Reis Santos, Mantraste, nasceu em 1988, é um autor, ilustrador e designer gráfico português formado na ESAD.cr. Cresceu na Natureza e é um amante do misticismo popular, conta com mais de uma centena de capas desenhadas para autores como J.G. Ballard, Ali Smith e Michel Rio entre outros e várias publicações editadas como a “Sebenta do Diabo” e “The spiritual ascension of all the animals”, etc. Para além do trabalho regular como ilustrador, já deu aulas de ilustração e risografia no Brasil, Espanha e Portugal e conta com várias exposições individuais e colectivas. Vê o seu trabalho como uma forma de reflexão sobre si próprio e os outros.

Literatura recomendada:
Be here now – Ram Dass
The first and last freedom – Jiddu Krishnamurti

ESTE TRABALHO É FINANCIADO POR FUNDOS NACIONAIS ATRAVÉS DA FCT – FUNDAÇÃO PARA A CIÊNCIA E A TECNOLOGIA, I.P., NO ÂMBITO DO PROJETO “UIDB/04042/2020”

Categorias
Sem categoria

Hannah Stahulak

Getting Out of Your Own Way

Originally, Hannah was going to use the residency with L’Air Arts to inform her teaching practice of medical illustration. Paris is known for its interdisciplinary approach to the arts, and is a culture which appreciates the beauty and obscurity of medicine and the body. Since this research project has not yet come into fruition, Hannah’s artist talk focuses on the struggle of teaching people who don’t identify as creative how to ‘get out of their own way’.

She shows student work and shows how once her students shed their limiting beliefs of themselves they were able to create beautiful things. In the end she briefly goes over a few techniques to get rid of blocks that face anyone pursuing a creative endeavor. 

Special thanks to L’AiR Arts Paris.

Hannah Stahulak
American University of Health Sciences

Hannah lives and works in Los Angeles, California. Her artwork looks at the human form and focuses on the interior, allowing for each drawing to reflect the uniqueness and individuality of each human. Hannah is also a professor of medical illustration at the American University of Health Sciences, and teaches yoga. 

ESTE TRABALHO É FINANCIADO POR FUNDOS NACIONAIS ATRAVÉS DA FCT – FUNDAÇÃO PARA A CIÊNCIA E A TECNOLOGIA, I.P., NO ÂMBITO DO PROJETO “UIDB/04042/2020”