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Joanna Latka

Gravura – Obra – Processo

Em primeiro lugar gostaria de agradecer o convite para participar neste diálogo com o vosso público sobre a minha experiência em gravura. 

Para todos os que não sabem quem eu sou, faço uma breve apresentação.

Ora bem, o meu nome é Joanna Latka, sou artista plástica, polaca a viver e trabalhar em Lisboa desde 2003. No plano artístico, dedico-me exclusivamente à gravura, ilustração e desenhos a tinta-da-china, incorporando variações baseadas nas técnicas de desenho e ilustração contemporâneas. 
 

O meu contacto com a gravura começou muito cedo, pois desde pequena visitei muitas exposições de gravura na minha cidade natal, Cracóvia em especial o famoso concurso de gravura da Trienal de Cracóvia, que é reconhecido mundialmente e traz sempre muita novidade expositiva tanto no contexto técnico como no conceptual na área da gravura e de todos os possíveis meios de impressão. Apesar de na altura, gostar muito, nunca pensei na gravura como a minha “técnica” futura. Foi apenas uma das expressões plásticas que eu sempre olhei em modo só de um observador, nunca pensando que pudesse tornar-se a minha técnica principal. 
 
A grande transformação no modo de ver a gravura, foi na faculdade, quando tive de estudar a gravura como uma das disciplinas obrigatórias no meu percurso no Instituto de Artes em Cracóvia onde me formei.
 
A primeira técnica que experimentei foi o metal. Embora tenha estudado outras técnicas como a linogravura e xilogravura e litografia, foi exatamente no trabalho em metal que me transformou totalmente, pois desde o dia em que experimentei a gravura em metal, larguei praticamente a pintura, que até a data era a minha actividade artística principal.
 
Foi uma grande revolução já que desde pequena não largava a pintura, portanto toda gente, incluindo eu, pensava que iria ser pintora. 
 
Passaram 20 anos desde que acabei o meu curso e de facto nunca mais voltei a pintar. Interessante não é?
 
Sinceramente não sei muito bem o que foi que me atraiu mais. Se a parte técnica, este muito alquímico processo de preparação da matriz, estes misteriosos processos de aplicar o verniz ou a resina para trabalhar na técnica água-tinta, ou o processo de abrir o desenho na chapa na técnica água-forte, ou a forma de trabalhar na chapa sempre pelo negativo para obter depois na prova a imagem em positivo. A criação das texturas, as profundidades, todos estes planos texturizados e linhas, as mordidas profundas, criados conforme o tempo que deixamos a chapa no mordente, ou talvez o mistério de todo o processo de impressão, especialmente o método de impressão chamado talhe-doce, mas podemos também falar sobre os materiais/ferramentas, tão diferentes como das outras áreas artísticas, pontas secas, burils, raspadores, tarlatana, entre outros. Enfim, aqui poderia falar horas, sobre o que possivelmente me atraiu nesta técnica, o que é certo é que não tenho a resposta concreta, penso que foi um pouco de tudo o que referi que me vicio nesta técnica. 
 

Também, sem dúvida, a gravura obrigou-me a ser mais organizada, já que é uma técnica muito complexa, e com um simples erro podemos estragar todo o trabalho produzido, que dificilmente se consegue recuperar. Por isso, o trabalho tem de ser muito bem preparado, pensado e organizado, que de facto não era o meu forte factor quando comecei a trabalhar há vinte anos nesta técnica. Foram muitas horas e dias que passei no atelier aprendendo com os erros, que acabaram por resultar numa pessoa mais cuidadosa e organizada e bem concentrada naquilo que faço.
 

Embora de complexidade e longos tempos para produzir uma gravura, é uma técnica que pelo facto de não ser instantânea, porque não podemos ver o resultado logo, só no final de todos os processos, a torna mais interessante. 
 
obrigada e até um dia deste;

Joanna Latka was born in a country situated at the crossroads of the spirituality and emotionality of the East and the intellect of the West. In a bygone empire. In a country where, in the time of too many wars, poets turned to soldiers and musicians turned to politicians. In the country of Andrzej Wajda, Krzysztof Kieslowski, Czeslaw Milosz and Zbigniew Herbert. She was born just before the collapse of communism in the city of Krakow, which was a lucky coincidence.

Krakow has always been a major centre for Polish art and culture. It is a place where the old and the new are relative notions. It is a place where the tombs of kings adjoin the banality of grim communist concrete blocks.Krakow is also a major venue for important encounters.Joanna Latka has been painting and drawing since she was a child. She’s been painting at home, she’s been painting on the floor, she’s been painting everywhere. She has maintained this spontaneous quality until today, in spite of a thorough artistic and pedagogical training, which sometimes is useful, but is also often nothing short of the taming.It’s impossible to tame the imagination of Joanna Latka.

Her works are a life diary and a variety of one of the trends of expressionism. They are also both an existentialist question and an existentialist answer.Her works depict everyday life, but nevertheless are able to raise unusual reactions. Standing in front of them we can feel the authenticity of the transfusion of emotions made by the artist.Joanna Latka, with her existentialist roots and romantic structure, is an exceptional artist. She is also a courageous person. Most fascinatingly for me, she finds her home in Portugal. Among the culture, tradition, art, history and the people of Portugal.Her Portuguese adventure is certainly a very rewarding experience. I’m happy to wish her luck.
Professor Piotr JarguszInstitute of Fine Art, Pedagogical University, 2007