Tesouros de tinta e lápis
A arte original é efetivamente o centro da coleção, adoro olhar para os originais, ver os pormenores que não são percetíveis na versão publicada, a mestria dos traços, os erros, as soluções criadas para obter o resultado final, a ligação imediata que sentimos com determinadas obras e sensações que nos transmitem, mas a coleção é muito mais do que isso, são as interações e relações criadas ao longo do tempo com os artistas, com os colecionadores que partilham esta paixão, com os galeristas que nos permitem aceder a obras que de outro modo seria impossível obter, com as plataformas virtuais que permitem a partilha das obras, e com os próprios leilões que têm o mérito de permitirem acompanhar o mercado, todos têm a sua importância, todos fazem parte do que é colecionar a 9ª arte.
O meu interesse e a vontade de aprender e aumentar o meu conhecimento sobre a história da Banda Desenhada é idêntico ao de acompanhar os novos artistas que podem vir a fazer parte da sua história.
A arte pode ser cara ou barata, é muito relativo e uma questão de perspetiva, já comprei muita arte em que um único original custou menos de 100€ como já representou muitos meses de salário. Os artistas devem ter uma noção real do seu valor de mercado para maximizarem o que possam vir a receber.
Os artistas que procuro são especialmente os que reconheço terem a sua própria “voz”, e se são não só os artistas mas também os argumentistas de boas estórias a probabilidade é de ainda me suscitarem mais interesse.
A minha perceção é que a banda desenhada tem deixado de ser marginalizada, mantendo ainda assim uma liberdade de expressão imensa.
João Antunes (1973, Lisboa) É casado com a Telma e tem duas filhas adolescentes, a Inês e a Margarida, nenhuma delas partilha dos seus gostos colecionistas. Licenciou-se em Economia e mais tarde veio a complementar as suas habilitações literárias tirando um Executive MBA.
O seu percurso profissional esteve na primeira década ligado à consultoria e na última década transitou para o setor financeiro.
Em criança e adolescente sempre gostou de Banda Desenhada, esse gosto nunca desvaneceu. Visitava muitos museus nas viagens que fazia em família, mesmo que por vezes involuntariamente, tendo assim adquirido o gosto pela arte. Levou muito a sério algumas coleções que o fascinavam, nomeadamente música e um jogo de cartas de fantasia (Magic), mas quando descobriu que era possível colecionar arte original de Banda Desenhada todas as outras coleções passaram a ser secundárias, sendo inclusive descontinuadas para que o foco (e dinheiro) fosse todo canalizado para a arte original de BD. Considera que colecionar arte original de BD é a melhor coleção do mundo e confere aos colecionadores uma experiência única, pois não há duas coleções que possam ser repetíveis.
A sua coleção é eclética e teve o seu início há mais de 17 anos, contando à presente data com aproximadamente 600 originais. Algumas das obras que possui estão ligadas ao sentimento de nostalgia, mas o seu interesse vai desde artistas com mais de 100 anos que ajudaram a definir o que considera ser por direito uma das melhores formas de arte existentes até aos artistas modernos que vão ajudar a definir o seu futuro. Este hobby tem a vantagem de poder contactar artistas, galeristas e colecionadores da aldeia global em que vivemos, e criar inclusive ligações de amizade através da arte, tornando ainda mais gratificante toda a experiência vivenciada.
A colecção pode ser vista em: