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Luísa Crisóstomo

Desenhar para conhecer

A ilustração científica surge quando aliamos a arte à ciência para representar e comunicar informação relevante, atendendo sempre ao rigor científico e a uma estética apelativa.
Este tipo de ilustração, por norma muito detalhado, permite selecionar a informação, manipular a apresentação dos elementos e mostrar aquilo que não se vê, de forma a clarificar os conteúdos que se pretendem transmitir. O resultado pode ser, por exemplo, uma prancha descritiva, o esquema de um processo biológico ou uma representação mais naturalista de uma espécie, sendo que qualquer uma das abordagens pode ser útil no contexto adequado, conforme o objetivo final da ilustração.

Para garantir uma representação fiável e rigorosa do objeto a desenhar, o ilustrador necessita de usar referências. Estas podem ser obtidas através da observação e do registo das características de um espécime real, por exemplo, conservado num herbário no caso das plantas, um insecto preservado numa caixa entomológica ou um animal embalsamado. Por vezes, é também possível observar indivíduos in situ e proceder a registos mais precisos da sua essência real, podendo ainda ser complementados com registos fotográficos e informações descritivas. As referências são depois utilizadas para construir um desenho de um indivíduo típico que represente uma espécie no seu todo, procurando enfatizar as principais características que permitem a sua identificação.

A versatilidade é também uma mais-valia para o ilustrador quando este é capaz de dominar uma ampla variedade de materiais de desenho, seja na utilização de técnicas tradicionais, como tons contínuos em grafite, ponteado com tinta-da-china e pintura com aguarelas, por exemplo, ou técnicas digitais, que se adequam a finalidades distintas.

Para além do propósito principal ser a comunicação de ciência, a ilustração também constitui uma atrativa e importante ferramenta de aprendizagem, educação e sensibilização para a preservação e conservação da natureza, dos recursos e da biodiversidade. A ilustração permite, por um lado, dar a conhecer as espécies que nos são próximas e a sua importância e ainda atribuir um valor estético àquilo que por vezes se desconhece. Por outro lado, ensina-nos também a observar, a apreciar e a respeitar o meio natural, ao mesmo tempo que é capaz de promover o espírito crítico e o interesse em aprender. 

Referências bibliográficas:

HODGES, Elaine R. S. (2003). The Guild Handbook of Scientific Illustration. 2ª Edição, John Wiley & Sons Inc., New York, United States;

JASTRZEBSKI, Zbigniew T. (1985). Scientific Illustration: A Guide for the Beginning Artist. 1ª Edição, Prentice-Hall Inc., New Jersey, United States;

DALBY, Claire & DALBY, D. H. (1980). Biological Illustration: a guide to drawing for reproduction. Field Studies 5, p. 307-321;

CANFIELD, Michael R. et al. (2011). Field Notes on Science & Nature. HARVARD UNIVERSITY PRESS, Cambridge, Massachusetts, United States.

Biografia actualizada:

Luísa Crisóstomo é licenciada em Biologia e mestre em Biologia da Conservação. Atualmente trabalha como ilustradora científica, com ilustrações publicadas e participação em exposições, e tem organizado alguns workshops de desenho.