Categorias
Sem categoria

Kalandraka

A Kalandraka Portugal nasceu em 2002, quatro anos depois da casa-mãe galega, tendo a proximidade geográfica e linguística, pela afinidade criada pela partilha antiga de uma língua comum, o galego-português, gerado essa possibilidade. O objetivo inicial prendeu-se com a intenção de publicar álbuns ilustrados para pré-leitores e primeiros leitores num país onde, na altura, com algumas exceções, pouca tradição havia a esse nível. Surgiram então os Livros para Sonhar, inicialmente repartidos por adaptações de contos tradicionais, como o Coelhinho Branco, que marcou o arranque do catálogo português; clássicos universais de todos os tempos, cujo exemplo mais paradigmático será talvez o Onde vivem os monstros de Sendak; e obras de produção própria, desenvolvidas no seio da Kalandraka, quer a partir de projetos internos, quer externos, pela receção de originais, ou por via do Prémio Internacional Compostela. Clara foi também, desde logo, a intenção de dar projeção ao trabalho artístico de escritores e ilustradores portugueses, levando-os para fora e fazendo o movimento inverso. Esse plurilinguismo e multiculturalidade têm sido o lema da Kalandraka e o nosso fator de ligação enquanto pequeno grupo editorial internacional que, paulatinamente, se foi ampliando e solidificando. Se tem sido uma constante o facto de publicarmos em comum, sempre que possível, obras de Lionni, Anthony Browne, Ungerer, Sendak ou de produção própria, também não tem deixado de ser uma mais-valia a coexistência de alguma autonomia editorial entre ´Kalandrakas’. De outro modo, no nosso caso, teríamos simplesmente estado, desde 2002, a comprar direitos estrangeiros, enquanto grupo editorial, e a traduzir livros para português, publicados pela casa-mãe, e não nos teríamos sediado em Portugal, como editora nacional, com tudo o que isso implica estruturalmente e em termos de produção e distribuição num mercado diferente, mais concentrado, mas simultaneamente mais limitado em número de leitores, o que não tem deixado de ser um desafio quando pensamos em tiragens, quantidade e seleção de novidades anuais ou apostas de maior risco. 

Talvez mais visível no campo dos direitos estrangeiros, essa autonomia permitiu-nos, enquanto Kalandraka Portugal, negociar e enriquecer o nosso catálogo com obras de autores de referência da LIJ que as editoras do grupo não puderam adquirir por estas já se encontrarem publicadas nos seus países. Eric Carle, com destaque para A lagartinha muito comilona; Jimmy Liao que, com Noite estrelada, arrecadou em 2017 o Prémio Nacional de Banda Desenhada na categoria de Melhor Ilustrador Estrangeiro de Livro Infantil no Amadora BD; ou Shaun Tan assim o ilustram.

A nível da produção própria, em menor escala, mas especialmente a partir de 2009, pela implementação em Portugal da Faktoria K, uma chancela do grupo orientada para a publicação de poesia, ciências e, mais recentemente, de ficção e ensaio para adultos – realçando o lançamento no nosso país da Gramática da fantasia de Rodari ou do Ler o mundo de Petit, com capas de ilustradores portugueses –, urdimos um pequeno catálogo em língua portuguesa, editando autores basilares como Pessoa, Bocage, Florbela Espanca, Cesário Verde ou Mário de Sá-Carneiro, numa coleção de Antologias Poéticas. Pelo trabalho pictórico nelas desenvolvido, alguns ilustradores e artistas plásticos portugueses receberam recomendações e Menções Honrosas no Prémio Nacional de Ilustração, prémio este que coube em 2017 a Fátima Afonso por Sonho com asas, nomeado também para Melhor Livro Infanto-Juvenil pela SPA.

Manter a coerência e a qualidade estética e literária do que publicamos tem sido, em suma, a nossa política editorial nestes 19 anos de labor, ao longo dos quais, no que à LIJ concerne, fomos assistindo à evolução do mercado português, pelo aparecimento de novas editoras, ilustradores ou livrarias especializadas; pelo desenvolvimento de estratégias de animação e promoção à leitura por parte do PNL|LER+, cujo selo abarca grande parte do nosso catálogo; pelos apoios à edição intermediados pela DGLAB ou pelo reforço da presença portuguesa em Feiras Internacionais. Termos também contribuído para esta dinâmica e sermos atualmente reconhecidos como marca no nosso país, pois são os livros que publica que fazem uma editora, muito nos orgulha e estimula a continuar.

Margarida Noronha
(Diretora Editorial Kalandraka Portugal)

http://www.kalandraka.com/pt

https://www.facebook.com/Kalandraka.Portugal