Hyperbolic Hyparxis – Desenho geométrico na obra de Margarida Sardinha
Margarida Sardinha apresenta o filme experimental de ilusão de óptica Hyperbolic Hyparxis como representativo do uso de desenho geométrico na sua obra.
Sendo pouco conhecido o facto de a artista digital ter como substrato da sua obra o desenho elaborado à mão com régua e compasso que repetidamente implementa digitalmente, vimos revelar essa faceta obscura através da compreensão da sua obra.
Margarida Sardinha concebe toda a sua imagética em desenhos geométricos de símbolos, poliedros e outras estruturas abstratas, conotadas com ciência, filosofia, literatura e religião comparativa, através de um moroso processo de desenho antes de ser “processado” por computador. A artista denomina o resultado deste processo de execução de desenhos com régua e compasso de “symbolic-continuum” devido a estes pertencerem a uma matriz geométrica desenhada ao longo de quatro anos. Margarida considera este processo de desenho, digitalização, animação e desconstrução de imagens análogo a um processo alquímico, em que a transformação destes arquétipos geométricos, revelam diferentes estádios cognitivos ou espirituais do artista e posteriormente no observador. O desenho é, portanto, o primeiro nível no desenvolvimento da obra pois a compreensão das relações geométricas puras apenas pode ser alcançada desta forma. É uma transformação imaterial de que a artista não prescinde, antes de decompor, multiplicar, padronizar ou distorcer as imagens geométricas segundo o conceito da obra no computador.
Em Hyperbolic Hyparxis os desenhos feitos à mão com régua e compasso, foram posteriormente em computador, sobrepostos como fractais e distorcidos em animação de forma visualizar transformações das formas geométricas entre o espaço plano ou euclidiano, e o espaço curvo – hiperbólico. Margarida desenvolve a sua prática artística explorando conceitos de dualidade, que foram desde práticas ancestrais o motivo de uso de geometria, onde a dualidade se desvanece em unidade, como é o exemplo da quadratura do círculo ou a busca do ponto Bauhutte. A geometria sendo uma linguagem universal e imutável apenas pode ser compreendida quando desenhada à mão.
Biografia
MARGARIDA SARDINHA – BIO (PT)
www.margaridasardinha.com
Margarida Sardinha é artista e realizadora de filmes experimentais que nasceu em Lisboa – 1978. Estudou, viveu e trabalhou em Londres durante dez anos, frequentou Fine Art Combined Media em Central Saint Martins e no Chelsea College of Art and Design. A sua prática cross-media compreende instalação site-specific, filme, animação, performance e fotografia digitais que são por definição trabalhos abstractos e geométrico-cinéticos. O seu principal intento é a produção de ilusões de óptica sobre o espiritual na arte, usando assim conceitos paralelos dentro da literatura, filosofia, religião comparativa, ciência, cinema e arte. Ao aplicar essas percepções ela pesquisa estágios espirituais/psicológicos de consciência e relaciona-os com ciclos de crescimento individual ou universal.
Em 2021 Margarida Sardinha foi Longlisted para o Aesthetica Art Prize e Coca Project em Itália. Ela é Presidente da associação de proteção dos Direitos dos Artistas Visuais em Portugal – SOS Arte PT. Destaca os projectos Oxymoron Tiling – Azulejo Oxímoro 2019, Wave-Particle HyperLightness 2018 e também a exposição individual Hyperbolic Hyparxis 2017 na Faculdade de Ciências da Universidade de Lisboa; quatro exposições individuais de Symmetry’s Portal (2014-16) e Darkness Reflexions (2003-4) respectivamente expostas no Carousel-London em Londres, no Centro Ismaili da Fundação Aga Khan em Lisboa, na Casa de Cultura Jaime Lobo e Silva na Ericeira e na Casa Museu Fernando Pessoa em Lisboa.
Uma selecção de trabalhos da série Symmetry’s Portal na Capela do Solar dos Póvoas no âmbito do Simpósio Internacional de Arte Contemporânea da Guarda; e foi convidada a expor Loop Log no Ciclo de Máquinas para o Fim do Real na Galeria Square Waves, Ericeira. Participou também no New Art Fest ’17 como artista convidada com uma instalação e o filme da série Hyperbolic Hyparxis.
No The New Art Fest ’16 com organização da Ocupart e curadoria de António Cerveira Pinto apresentou o filme de animação digital London Memory multi+city no Web Summit e no Museu de História Natural e ainda o filme Knotwork no espaço montra Fabrica Features no Largo Camões em Lisboa.
Em Novembro de 2015, Margarida Sardinha foi convidada para integrar a exposição colectiva de arte digital “Reflections” na Opera Gallery em Londres com curadoria de Neil McConnon.
Em 2013, venceu o prémio “Best Cinematic Vision Award”, em Londres, com o filme London Memory multi+city, em 2012 o filme HyperLightness ad absurdum valeu-lhe o prémio de Melhor Filme Experimental do Hollywood Reel Independent Film Festival, Hollywood, USA, do Great Lakes Film Festival, do Creative Arts Film Festival & Bridge Fest (Vancouver) e Best Spiritual & Religious Film no Directors Circle Film Festival; ainda ganhou a Menção Honrosa no 23rd New Orleans Film Festival e os Prémios de Mérito no Lucerne International Film Festival, The Indie, The Accolade and Rochester International Film Festival. HyperLightness ad absurdum foi Selecção Oficial de mais de 20 festivais no mundo inteiro tais como: Revelation Perth International Film Festival, San Francisco Frozen Film Festival (nomeado para Best Experimental Film), 10th In the Palace International Short Film Festival, Take Two Film Festival em Nova Iorque, MIA@TheArmory, Beam Festival, 5th Columbia Gorge International Film Festival, MIX on Transmedia Writing and Digital Creativity, 7th International Streaming Festival, Denver Underground Film Festival, New Jersey Film Festival, Rockland Shorts International Series, Gold Lion Film Festival, Magmart Film & Video Festival.
Foi selecionada para “Pan-Demonium” no AC Institute [Direct Chapel] em Nova Iorque com “HyperSelf Light Dance”; selecionada para Red Bull Music Academy Showcase em Londres com ”They had a whole army sitting on their door step (…) Gil Vicente and “I detest your views but am prepared to die for your right to express them (Voltaire)”; selecionada para a Bienal Jovens Valoures 2009 na Galeria Vieira da Silva com “The Master”.
Margarida foi também uma das fundadoras do colectivo de artistas baseado em Londres – pARTart – e a curadora da sua exposição “London Recycled” na Menier Chocolate Factory incluindo 22 novos trabalhos desses artistas baseados em Londres representando dez práticas artísticas diferentes e onze nacionalidades diferentes. A exposição e os seus eventos colaterais exploraram o multicuralismo e multidisciplinariedade Londrina. Através dos eventos colaterais de angariação de fundos, Margarida fez performance de Vjing em vários locais do East End de Londres acompanhando as performances de bandas de música emergentes convidadas. Durante um ano ela criou as condições necessárias para estes artistas criarem novo trabalho revendo a sua perspectiva individual cíclica da experiencia da vida Londrina tronando-a num espelho colectivo da cidade e cena artística.
Ela ganhou o Prémio de Jovens Criadores do Ministério da Cultura e do Grupo Artes e Ideias em 1999 com a instalação de luz “Projected Movement”.